sábado, 9 de setembro de 2017

Corte seco

Meus olhos secos
não conhecem lágrima,

nem dor.
A dor é como a vergonha:
se sente uma vez só.

Restou a mim ser forte.
Nunca houve alternativa,
a não ser esta,

de disfarçar o querer.
De não ter querer!

Mulher não tem querer.
Não me cabe escolha.

Meu comboio de corda descarrilou,
perdeu rumo e prumo,
vícios e vontades.

Eu, de pontos finais,
passei a ser reticências...

Incerteza é meu nome;
transição, o meu bem
maior.

Perdi os controles todos.
As ilusões de controle.
Estou só e vulnerável.

E agora, que somos só
eu e tu,
quítame.